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Nota sobre as ações recentes do Irã e sua influência na Guerra Israel-Palestina

por Isabela Mendes

@mendez_journal


O conflito entre Israel e Palestina é histórico e as questões entre judeus e árabes datam até mesmo de antes da Segunda Guerra Mundial. O estopim do  atual momento da guerra foi o ataque do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023. O Hamas apesar de ser considerado grupo terrorista pela sociedade internacional, conta com suporte de parte da população palestina que o elegeu para lutar pelo seu povo. 

Na Palestina o Hamas governa a Faixa de Gaza e a Autoridade Nacional Palestina a Cisjordânia. É fato que os assentamentos israelenses expulsaram muitos palestinos de suas casas. A violência é generalizada e uma das regiões cujas consequências são piores é a Faixa de Gaza. Dados das Nações Unidas expõem que mais de 32 mil pessoas morreram na Faixa de Gaza e na Cisjordânia, sendo 13 mil crianças, e mais de 74 mil ficaram feridos. Além disso, aproximadamente 80% da população da Faixa de Gaza foi deslocada, entre as quais cerca de 850 mil são crianças.

A questão Israel Palestina se estende ao entorno regional, com Líbano, Iêmen, Iraque e Irã na região.  Insere-se aqui a questão do Hezbollah, outro grupo considerado terrorista. O Irã executa uma “proxy war” através do apoio que dá ao grupo Hezbollah, que por sua vez apoia o Hamas. Contudo, é ingenuidade crer que o Irã salvará os palestinos de Gaza, visto que o que está em jogo é a demonstração de poderio militar no Oriente Médio. Em termos de contingente, o Irã tem o maior número de pessoas, entretanto a tecnologia militar de Israel é de ponta e superior. O maior diferencial em conflitos é a posse de armamento nuclear, conforme explicou o professor de Relações Internacionais, Rodrigo Amaral, em entrevistas aos telejornais brasileiros nos últimos dias. Israel apesar de não admitir a posse de bombas nucleares é considerado pela Federação dos Cientistas Americanos como o único país da região a possuir. O Irã por sua vez enriquece urânio segundo a Agência Internacional de Energia Atômica. 

Ainda sobre a inserção do Irã no conflito, Israel bombardeou em Damasco, capital da Síria, o Consulado do Irã. Tal resultou  na morte do general da Guarda Revolucionária Iraniana e outros sete membros da mesma, levando à retaliação do país. Na retaliação, o Irã disparou, no dia 13 de abril, drones em direção a Israel, que com seu sistema de defesa interceptou-os.

A espera da ofensiva israelense após o ataque mobilizou a sociedade internacional, visto a preocupação com a possibilidade de escalada do conflito, que seria sem precedentes na região. O mundo todo está com os olhos voltados para o conflito e isso respinga na busca por hegemonia na Ordem Internacional. Os Estados Unidos cujas eleições internas são sua maior prioridade no momento, não está disposto a uma ofensiva direta na região. A Rússia aliada do Irã comentou que o país não deseja a escalada do conflito. E a China, cuja tradição diplomática sempre respeitou os assuntos internos e a soberania dos países, reforçou a preocupação com a escalada do conflito. 

Sobre a ofensiva israelense, em resposta aos drones enviados pelo Irã, o Gabinete de Guerra de Israel composto por Netanyahu, o ministro de defesa Gallant e o ministro da guerra Gantz, se reuniu interna e externamente para pensar na retaliação. Biden afirmou que os Estados Unidos não participarão de nenhuma ofensiva contra o Irã, tal posicionamento poderia ser relacionado às eleições norte-americanas e a preocupação com a opinião pública da comunidade árabe-americana. Ademais, a mensagem do Irã a respeito das ações norte-americanas é de que se o maior aliado de Israel na região, os EUA, retaliassem o ataque, o país retaliaria com ainda mais força. Isso é preocupante visto que o envio de drones a Israel demonstra apenas uma parte pequena da capacidade militar do Irã. 

Ao analisar a balança de poder na região, percebe-se que os países árabes se encontram frente a um dilema. Não são aliados de Israel, mas, ao mesmo tempo, países como Iraque e Arábia Saudita tem questões com o Irã. A Arábia Saudita, através da Organização para a Cooperação Islâmica junto aos países do golfo, garantiram que o Irã, em janeiro, estivesse na mesa de negociações. Contudo, os países discordam sobre a solução de dois Estados para o conflito entre Israel e Palestina, tal qual sobre a posição do Hamas,  a tática de boicote a Israel e a presença dos Estados Unidos na região. Arábia Saudita, Qatar, Jordânia e Egito continuam em discussão, sobre propostas de cessar-fogo. 

Em abril de 2024, Isfahan, cidade que abriga importantes indústrias militares iranianas, foi alvo do ataque israelense. O especialista em armas químicas e ex-chefe das forças nucleares do Reino Unido e da OTAN, Hamish de Bretton-Gordon, em entrevista à BBC, considerou o ataque a Ishafan como significativo devido ao grande número de bases militares na região. Além disso, a região abriga a indústria bélica iraniana, além de locais de enriquecimento de urânio para fins nucleares.

Sobre a repercussão do conflito dentro do âmbito das Nações Unidas, a professora Rashmi Singh criticou, em entrevista à Agência Brasil, a falta de resposta por parte do Conselho de Segurança em relação ao ataque feito por Israel ao Consulado do Irã em Damasco. Também analisou que o Ocidente está lidando com o conflito de forma desequilibrada, visto total apoio a Israel sem considerar a parte palestina. Isso se dá em parte pelo fato de que os Estados Unidos são membros permanentes do Conselho de Segurança com capacidade de articulação com todos os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Por fim, há um ponto em comum na análise da maioria dos professores de Relações Internacionais pesquisadores do Oriente Médio: a guerra em Gaza precisa acabar, já que além de estar gerando perdas e sofrimentos de civis, alimenta uma instabilidade regional que pode escalar com consequências beligerantes desastrosas para toda a região.


CONTINGENTE MILITAR DO ORIENTE MÉDIO


Referências:


AGÊNCIA BRASIL. Ataque direto do Irã a Israel muda conflito no Oriente Médio. Disponível em: <https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2024-04/ataque-direto-do-ira-a-israel-muda-conflito-no-oriente-medio>. Acesso em: 23 abr. 2024.


BBC. Por que o conflito entre Israel e Palestina voltou a esquentar? Disponível em: <https://www.bbc.com/portuguese/articles/cevegdw90j7o>. Acesso em: 23 abr. 2024.


G1 Globo. Irã e Israel: qual o tamanho dos efetivos militares dos dois países? Disponível em: <https://g1-globo-com.cdn.ampproject.org/c/s/g1.globo.com/google/amp/mundo/noticia/2024/04/12/ira-e-israel-qual-o-tamanho-dos-efetivos-militares-dos-dois-paises.ghtml>. Acesso em: 23 abr. 2024.


G1 Globo. Qual o tamanho dos efetivos militares dos países do Oriente Médio? Disponível em: <https://g1.globo.com/google/amp/mundo/noticia/2024/04/06/qual-o-tamanho-dos-efetivos-militares-dos-paises-do-oriente-medio.ghtml>. Acesso em: 23 abr. 2024.


"The Guardian". Gulf states' response to Iran-Israel conflict may decide outcome of crisis. Disponível em: <https://www.theguardian.com/world/2024/apr/19/gulf-states-response-to-iran-israel-conflict-may-decide-outcome-of-crisis>. Acesso em: 23 abr. 2024.




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