por Luiza de Oliveira Revers
Por conta da situação pandêmica causada pelo COVID-19, muitas comunidades têm suas vulnerabilidades ainda mais acentuadas. Sem precedentes, a pandemia causa mazelas nos mais diversos grupos e afeta cada um deles de maneira diferente - o que implica afirmar que mulheres e homens sofrem seus efeitos também de maneira desigual. O enfrentamento da pandemia pelos Estados e Organizações Internacionais torna-se essencial para que seus efeitos sejam dirimidos e o impacto negativo reste reduzido. No tocante às missões de manutenção de paz promovidas pela Organização das Nações Unidas, nota-se que o papel das mulheres se mostra de especial valor tanto pela ótica da equalidade, quanto pela sua excelente performance. A efetividade das missões é diretamente afetada pela paridade - ou ausência desta - entre gêneros. A resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas no 1325, da qual nenhum Estado se absteve e nenhum votou contra, adotada em outubro do ano 2000, trata de aumentar a participação e representação das mulheres na manutenção da paz e reconhece o papel central destas para a segurança mundial. A efetividade das missões é diretamente afetada pela paridade - ou ausência desta - entre gêneros. A resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas no 1325, da qual nenhum Estado se absteve e nenhum votou contra, adotada em outubro do ano 2000, trata de aumentar a participação e representação das mulheres na manutenção da paz e reconhece o papel central destas para a segurança mundial. Desta maneira, é preciso abandonar a necessidade de estudos que comprovem em estatísticas uma maior ‘‘efetividade’’ do corpo feminino que atua nas operações de manutenção de paz. Ademais, esta efetividade nem sempre pode restar comprovada por meio de planilhas e porcentagens, porquanto as contribuições são permeadas de particularidades inerentes ao caso concreto.
A desigualdade salarial, o aumento dos abusos e casos de violência doméstica e a dupla jornada enfrentada por mulheres são fatores que não contribuem para sua atuação positiva. Mesmo em meio a tantos desafios e enfrentando os maiores impactos, elas encontram-se na linha de frente do combate ao COVID-19, somando praticamente dois terços da força tarefa mundial.
A Agenda 2030, adotada em 2015, que institui os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, trata da igualdade de gênero e redução das desigualdades. Uma maior participação das mulheres nas operações da manutenção da paz pode atuar como ferramenta para o desenvolvimento sustentável. No entanto, o que se nota em momentos de urgência, como a pandemia atualmente enfrentada, é que assuntos como a igualdade de gênero acabam sendo deixados de lado e esquecidos. Os líderes mundiais não se mostram comprometidos a manter ou aumentar a quantidade de mulheres que participam nestas operações e a implementar políticas que possibilitem o ingresso e atuação feminina nas missões - como a habilitação de banheiros, fornecimento de produtos para higiene íntima e presença de ginecologistas nas unidades das missões.
A luta diária e busca pela maior participação das mulheres na sociedade não pode ser vista com menos urgência ou enquadrada como de caráter secundário. Em momentos como o atual, a presença das mulheres nos espaços de enfrentamento torna-se ainda mais essencial.
Referências:
HINZ, Kristina; ZUBEK, Izadora. Why the COVID-19 Pandemic Needs na Intersectional Feminist Approach. Rosa Luxemburg Stiftung, 2020.
OSLAND, K. M; ROYSAMB, M. G; NORTVEDT, J. The Impact of COVID-19 on the Women, Peace and Security Agenda. Norwegian Institute of International Affairs. COVID-19 brief. Oslo, 2020.
OSLAND, K. M; ROYSAMB, M. G; NORTVEDT, J. Female Peacekeepers and Operational Effeciveness in UN Peacekeeping. Norwegian Institute of International Affairs. Research Paper 3. Oslo, 2020.
OSLAND, K. M; ROYSAMB, M. G; NORTVEDT, J. Unity in Goals, Diversity in Means and the discourse on female peacekeepers in UN peace operations. Norwegian Institute of International Affairs: NUPI Working Paper. Oslo, 2020.
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